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Cerca de 280 alunos do 3º ano do Ensino Médio de sete escolas da rede estadual de educação participaram, nesta quinta-feira (29/8), de palestra “Violência contra a Mulher” do programa “Educando pela Cultura”. O encontro aconteceu no Auditório Belarmino Lins, e fez parte das ações que a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) desenvolveu ao longo do mês, dentro da campanha Agosto Lilás, voltada ao combate e conscientização sobre a violência contra as mulheres.
O “Educando pela Cultura” é promovido, por meio da Escola do Legislativo Senador José Lindoso, e tem como objetivo debater com os jovens temas de relevância local e nacional, de maneira integrada ao processo educacional.
Diante dos dados oficiais que colocam o Brasil entre os países que mais matam mulheres, sendo assassinadas 8 mulheres a cada 24 horas, ou que a cada 6 minutos uma mulher é estuprada, Jacy Braga reforça a importância de conscientizar os jovens sobre o tema, buscando quebrar ciclos de violência.
“Por isso precisamos desconstruir, nestes jovens, pensamentos e culturas arraigados pelo machismo, que ainda ocupem espaços na sociedade”, afirmou a coordenadora, ratificando o compromisso com a educação cidadã, de uma forma que a violência contra a mulher não seja normalizada.
Os estudantes assistiram palestras da delegada Patrícia Leão, da Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher; da Profª. Drª Lidiany Cavalcante, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA); e da deputada Alessandra Campelo (Podemos), presidente da Procuradoria Especial da Mulher da Aleam.
A delegada falou sobre os números de casos de violência contra as mulheres amazonenses, citando dados do Mapa da Violência de Gênero, divulgados em junho último, que mostraram que 57% das mulheres no Amazonas sofreram violência doméstica, o maior índice entre estados da Amazônia.
A titular da Delegacia Especializada em Crimes contra a Mulher falou sobre a Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, marco na legislação brasileira e desempenha um papel fundamental no enfrentamento das diversas formas de violência contra as mulheres.
“Além de estabelecer que todo caso de violência doméstica e intrafamiliar é crime, a lei tipifica as situações de violência doméstica, proíbe a aplicação de penas pecuniárias aos agressores e determina o encaminhamento das mulheres em situação de violência, assim como de seus dependentes, a programas e serviços de proteção e assistência social”, apontou a delegada, mostrando aos estudantes esta importante ferramenta legal.
As modalidades de violência contra a mulher foram explicadas pela Profª. Drª Lidiany Cavalcante, que falou sobre a violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. “É preciso entender que a mulher não sofre apenas a violência conjugal, mas também violência contra a mulher em diversas esferas, como violência obstétrica, funcional, nos espaços educacionais e profissionais”, destacou a professora.
Já a deputada Alessandra Campelo falou aos jovens sobre a necessidade de a mulher aprender a identificar situações de violência, se fortalecer e denunciar. Segundo a parlamentar, o mundo só vai mudar em relação à violência contra a mulher, se todos fizerem mudanças nas gerações e completou que trabalha para que esta geração consiga romper com a cultura da violência de gênero.
“Espero que as meninas entendam que quando começa a namorar e o namorado exige acesso às senhas das redes sociais, ou ao celular, ou ainda questiona que a menina fala com amigas, ou que não fale mais com outros colegas de sala, que esta menina entenda que isto é uma violência, e não aceite este relacionamento”, disse Campelo, alertando que a violência psicológica, em muitos casos, é estágio anterior à violência física.
Visão dos estudantes
Após as apresentações, os alunos Davi Victor, Nicole Duarte e Juliana Larissa avaliaram positivamente o encontro, afirmando terem tido esclarecimento relevantes sobre as diversas formas e situações de violência e especialmente como oferecer ajuda às mulheres que estejam em situação de violência.
Davi Victor, da Escola Estadual Ruy Alencar, disse iniciar uma reflexão sobre o sistema machista da sociedade e a urgência de parar a reprodução do mesmo no dia-a-dia. “É uma discussão profunda, de muitos níveis e que leva tempo, mas não pode ser ignorada”, disse o jovem.
A estudante Nicole Duarte, também da Escola Estadual Ruy Araújo, apontou que entendeu a necessidade de todos se posicionarem quando presenciam casos de agressão física a uma mulher, assédio e outros tipos de violência.
“É denunciando, e principalmente apoiando a vítima, que nós podemos quebrar a cadeia de violência. E hoje pude entender isso e aprender sobre onde e como buscar ajuda especializada”, explicou Duarte.
Para a estudante Juliana Larissa, da Escola Estadual Presidente Castelo Branco, o conhecimento é a chave essencial para a mudança da sociedade, pois, segundo a jovem, a informação sobre os tipos de situações de violência e, principalmente, de que a mulher pode buscar ajuda, faz com que as agressões não sejam mais toleradas.
As escolas participantes do Educando pela Cultura foram: Escola Estadual Presidente Castelo Branco; Escola Estadual Cecília Ferreira da Silva; Escola Estadual de Tempo Integral Profa. Jacimar da Silva Gama; Escola Estadual Profa. Alice Salermo Gomes de Lima; Escola Estadual Ruy Araújo; Escola Estadual Ruy Alencar e Escola Estadual Raimundo Holanda de Souza.
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