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O presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado Comandante Dan (Podemos), afirmou que a violência registrada em Envira na noite da segunda-feira (29/9), quando facções criminosas atearam fogo em vários ônibus no município, não pode ser visto como um fato isolado. Ele é um episódio sistêmico que mostra a ocupação de território pelo crime organizado, na tentativa da imposição de uma governança criminal paralela._
“A Polícia Militar fez aquilo que lhe cabia e o que estava ao seu alcance. Transferiu ontem 12 policiais de Guajará para Envira, para completar o efetivo do município, que contava apenas com cinco PMs. Agora serão 17 policiais militares lotados na cidade. Além disso, enviaram um reforço de mais oito policiais da região (quatro de Guajará e quatro de Eirunepé). A ação é correta, apropriada e necessária, mas ela não basta. Precisamos de uma política de segurança pública que seja proativa e não episódica”, declarou o parlamentar.
De acordo com o parlamentar, que comandou a Polícia Militar do Amazonas, de 2008 a 2011, desde de 2017, o Amazonas convive com um forte alerta do avanço do crime organizado. Na tarde do dia 1° de janeiro de 2017, o pior massacre do sistema carcerário do Amazonas chocou o país. Desencadeada pela guerra entre facções rivais e em protesto contra a superlotação, uma rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) resultou na morte de 56 detentos, além da fuga de 130.
Naquele mesmo ano, em 27 de outubro, em retaliação a uma operação de combate a garimpo ilegal de ouro no rio Madeira, uma multidão liderada supostamente por garimpeiros incendiou os prédios onde ficavam os escritórios do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no município de Humaitá. Há relatos de incêndios a várias viaturas oficiais, inclusive embarcações, bem como a outros prédios públicos na cidade. Uma investigação da Polícia Federal atestou o envolvimento do narcotráfico e de políticos daquela cidade.
“Passaram-se oito anos e pouco ou quase nada mudou. Vários outros incêndios a prédios públicos aconteceram em Humaitá, supostamente movidos por garimpeiros, mesmo depois do episódio de 2017. Desde então o Amazonas não se qualificou para combater o crime organizado que, em proporção diametralmente oposta, usa até veículos submarinos para transportar a droga através das águas do Amazonas e do Brasil”, disse.
O deputado também falou sobre o que tem visto em viagens ao interior: Segundo o parlamentar, na caravana que foi realizada pela calha do Solimões durante do recesso parlamentar e que percorreu de Tabatinga (12.07) a Manacapuru (02.08), esteve em 20 municípios e 42 comunidades rurais e pôde sentir a ocupação territorial do crime organizado no Amazonas.
“No interior, o crime não guarda pudores ou regras civilizatórias que os protejam da evidência pública. Nossa gente, isolada e sem acesso à água potável, assiste a tiroteios entre facções na frente da cidade, convive com bandidos fortemente armados andando livre e impunemente pelas comunidades, sem a menor cerimônia, sem que nada ameace os criminosos, e sabe que os aliados do crime, narcotraficantes, narco garimpeiros e piratas, estão infiltrados nas esferas de poder de muitas localidades. Isso é visível e todo mundo sabe. Não existe vácuo quando tratamos de segurança e de ordem pública. O espaço não ocupado pelo poder público é ocupado pelo crime. Eles estão melhor armados e têm uma rede de relacionamentos efetiva e eficaz, além de dominarem a tecnologia”, avaliou.
Comandante Dan considera que quem se limita a correr atrás de bandido, numa política de segurança pública “estilo SAMU”, que só atende a urgências e emergências, todos os dias perde território para o crime.
“E nossa gente chegará a um ponto que precisará obedecê-los, por absoluta falta de opção. Precisamos de uma política pública preventiva, como os Agentes Comunitários de Saúde, porque estamos perdendo essa guerra. Nossos jovens estão sendo cooptados e assassinados na prática criminosa. Afirmar que eram bandidos não justifica, eram nossos jovens, filhos de nossas famílias e, na maioria das vezes, não tiveram acesso a uma vida mais digna”, enfatizou.
Propostas
A Comissão de Segurança Pública está elaborando o Dossiê do Solimões, com as denúncias oriundas da viagem à calha do Rio Solimões, assim como o protocolo de intenções para ser apresentado ao Ministério Público Estadual.
“Precisamos de planos emergenciais e de gestão integrada, a começar pela linha de divisa do sul do Amazonas e a faixa de fronteira a leste. Lá estão os maiores perigos. Precisamos de uma política de segurança pública que recomponha os continentes das policiais e dos bombeiros. Que trate a questão não de maneira episódica, mas efetiva” disse o parlamentar.
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