Assembleia Legislativa do Amazonas realiza 5ª edição do Prêmio Nestor Nascimento

Nesta segunda-feira (6), a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), por meio da Escola do Legislativo Senador José Lindoso, realizou cerimônia de entrega do Prêmio Nestor Nascimento, que está na 5ª edição, a pessoas e movimentos que se destacam na atuação da promoção da igualdade racial no estado. A premiação passou a integrar o rol de eventos permanentes da Aleam, por meio da Resolução Legislativa nº 914/2022, iniciativa da então deputada estadual Therezinha Ruiz.

O evento, que aconteceu no Auditório Senador João Bosco, na sede do Poder Legislativo, teve a participação cultural de representantes das Escolas de Samba:  Grêmio Recreativo Escola de Samba Dragões do Império; Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba A Grande Família; Escola de Samba Vila da Barra; Grêmio Recreativo Escola de Samba Vitória Régia e Grêmio Recreativo Social Escola de Samba Andanças de Ciganos, além de apresentações do grupo de capoeira “Programa Formação Cidadão”.

O apoio da Casa Legislativa ao protagonismo negro, por meio das ações da Escola, foi exaltado por seu diretor, Jander Lasmar. De acordo com ele, o papel da Escola do Legislativo é dar visibilidade a todos os tipos de movimentos, principalmente aqueles que atuam na promoção da igualdade racial. “Nesta 5ª edição, o prêmio Nestor Nascimento vem dar visibilidade às pessoas e estes movimentos que trabalham a igualdade racial. Nós, da Escola do Legislativo, não nos furtaremos nunca a homenagear movimentos e pessoas que são tão importantes à sociedade”, afirmou.

A coordenadora do Programa Educando pela Cultura, Jacy Braga, destacou o prêmio como um palco de visibilidade à pauta da igualdade racial. Ela recordou que em todas as edições existe uma dificuldade para escolher os premiados, pois todos estão no mesmo patamar, porém, de acordo com ela, algumas histórias precisam ter mais visibilidade para que o quadro de intolerância, preconceito e perseguição seja mudado. “Trazer estas pessoas à visibilidade faz toda a diferença. Por isso, é importante iniciar o mês da Consciência Negra mostrando mostrando quem são elas, já que somos 52% da população do Amazonas e precisamos ter vez e voz”, definiu.

Laicidade na Aleam

O coordenador geral da Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana (Aratrama), Alberto Jorge, agradeceu o espaço e apoio da Assembleia.

Segundo ele, que também é sacerdote de Matriz Africana, o prêmio  tem grande importância à expressão da cultura negra na cidade, sendo uma resposta que o Poder Legislativo dá, que o parlamento não é exclusividade de nenhuma religião.

“Não podemos olhar os poderes legislativos como espaços de exclusividade religiosa. Em locais, onde se trabalha a legislação para toda a sociedade é preciso se trabalhar a laicidade, como está sendo feito na Assembleia, pela Escola do Legislativo”,avaliou.

O Prêmio, como um símbolo de resistência do povo negro, foi exaltado pela sacerdotisa de Matriz Africana, Maria Jacaúna, uma das homenageadas. “Estou muito feliz de poder ser homenageada no evento que é uma forma de resistência do povo negro e da cultura negra. Somente tenho a agradecer”, declarou.

Sobre o nome do Prêmio

Nestor José Soeiro do Nascimento, que dá nome ao Prêmio criado pela Aleam, nasceu em 11 de dezembro de 1947 e faleceu em 31 de maio de 2003. Formou-se advogado, jornalista e reconhecida liderança do movimento negro  em Manaus.  Fundou o Movimento Alma Negra (MOAN).

Responsável também pela fundação da Associação de Moradores e Amigos da Praça 14 de Janeiro e da Escola de Samba Vitória Régia.  O bairro Praça 14 de Janeiro também foi onde Nestor viveu toda sua vida com sua família e onde existe o Quilombo de São Benedito. Era bisneto de Maria Severa Monteiro do Nascimento, uma das matriarcas da família maranhense que fundou o Quilombo.

Vencedores e suas respectivas categorias

Mãe Maria Jacaúna – Preservação da fé nas religiões de matriz africana e combate à intolerância;

Andarilha- Feminismo negro;

Regina de Benguela – Respeito, visibilidade, resgate histórico e luta contra o racismo;

Marcos Moura – Promoção de atividades afro-culturais e educativas;

Projeto do Quilombo se faz Samba de Raiz – Fomento ao protagonismo negro;

Iolete Ribeiro da Silva – Produção acadêmica, produção literária e estudos sobre a presença negra no Amazonas;

Joana de Freitas – Promoção da saúde integral da população negra, priorizando a redução das desigualdades étnico-raciais, o combate ao racismo e à discriminação nas instituições e serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).

Receberam menção honrosa: o professor Gláucio da Gama; o Mestre Canário; Lissason Jonathan Azevedo; o Quilombo do Sagrado Coração de Jesus; Tata Zazi Adalberto de Xangô; Mestre Canário.

Mestre Chaguinha foi agraciado com o Prêmio Especial pelo Conjunto da Atividade Cultural Desportiva.