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Wilker Barreto fiscaliza Platão Araújo e constata falta de usina de oxigênio até morte por ausência de cateterismo

Por Dayson Valente

09.dez.2021 7:42h
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Foto: Wilkinson Cardoso

O deputado estadual Wilker Barreto realizou nesta terça-feira, 08, uma inspeção no Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo, constatando a precariedade de áreas essenciais da unidade de saúde e decisivas quando o assunto é a vida do cidadão. Para se ter ideia, o parlamentar recebeu a denúncia que seis pacientes morreram nos últimos 90 dias por falta de cateterismo na unidade de saúde.  A informação dos óbitos foi revelada por um médico da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Platão, que preferiu ter seu nome preservado por represálias.

Outra precariedade de serviço que preocupou o deputado, que é membro da Comissão de Saúde da Assembleia do Amazonas (Aleam), é o de tomografia. Do número de atendimentos registrados por mês, 9 mil no total, apenas 250 são realizados, um déficit de mais 97%. Outros números também causam indignação quando se fala da condição mensal de procedimentos no hospital, com apenas 60 endoscopias e 10 cateterismos.

“Fizemos uma inspeção completa do hospital. Fiquei assombrado em saber que o Platão Araújo só tem autorização de 240 laudos de ressonância por mês e atende por média 9 mil pessoas/mês. Além disso, são apenas 60 endoscopias, ressonância não tem, o que é um absurdo. A parte cardíaca é desesperadora, pois tem gente morrendo porque não consegue fazer cateterismo. Constatamos, também, quatro leitos de UTI parados”, explicou Wilker, ao indicar a falta de ventilador mecânico e monitores como as causas dos leitos parados e que apenas 14 em pleno funcionamento.

Outro flagra do deputado Wilker foi a necessidade de sete eletrocardiogramas, já que o hospital conta com apenas dois, sendo um na UTI e o outro no térreo. No Platão, apenas dois marca-passos estão disponíveis para os pacientes, quando o ideal seriam 10. A realidade do laboratório de sangue chama atenção, pois o local está defasado e sem backup, o que compromete a agilidade do serviço.

“A equipe médica da UTI relatou que não tem equipes de cirurgia, cardiologia e neurologia para suporte aos pacientes internados na unidade. Não há ecocardiograma na unidade e a transferência dos pacientes para procedimentos cardíacos ou neurológicos depende de outras unidades, e há casos de pacientes morrerem esperando os procedimentos. Relataram também que que a maioria das tomografias não são laudadas, e que procedimentos de endoscopia são demorados e que a cota da unidade é insuficiente para atender os internados. Por fim, os médicos, enfermeiros e técnicos e os demais funcionários da unidade estão tirando leite de pedra para um melhor atendimento da população. Há um descaso muito grande do governo em relação a essa unidade”, disse o Diretor do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Dr. Dário Júnior.

 

Sem oxigênio

Um dos pontos mais críticos observados por Wilker Barreto durante a fiscalização foi a falta de usina de oxigênio no hospital. Apesar do Amazonas ter passado pela tragédia da primeira e segunda onda durante o pico da pandemia da Covid-19, o Platão Araújo não tem o equipamento necessário, mesmo o Governo do Amazonas afirmando em coletivas, reuniões e entrevistas que está trabalhando com prevenção para uma possível terceira onda. A realidade da unidade revela que a mesmo caos que tomou conta no início deste ano pode se repetir diante de uma nova ‘avalanche’ da pandemia.

“Não tem cardiologia, não tem ecocardiograma, não tem usina, laboratório de sangue defasado. Estamos perdendo vidas, pois o Platão não está fazendo procedimentos importantes e que são comuns na medicina. Voltamos a fiscalizar as unidades e o intuito é cooperar com a população, ser voz e olhos do cidadão. Vamos encaminhar um relatório ao Ministério Público e formalizar a secretaria de saúde do Estado para tomar providências. Temos bons médicos, bons enfermeiros, bons gestores nas unidades, mas está faltando condições de trabalho e estrutura”, disparou Barreto.

 

Medicamentos em falta

Medicamentos também estão em falta na unidade de saúde. O estoque crítico soma 15 medicamentos importantes, como Morfina, que está zerada no centro cirúrgico e o hospital precisa com urgência. Sinvastatina  20 mg e Tenoxicam 20 mg tambem estão com estoque zero.

“A falta de especialistas na cardiologia e a falta de ecocardiograma prejudica muito o atendimento ao paciente que sofre do coração, o fluxo está totalmente incorreto.  Há dificuldade de marcar exames e procedimentos para esses pacientes e eles acabam morrendo nas UTIs. Para piorar, há esses medicamentos em falta, que não são caros e de uso necessário em qualquer hospital”, afirmou o diretor do Simeam.

 

 

 

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